Entre o pão e o propósito: o que move a Geração Z?

É inevitável: a economia ocupa o centro das inquietações da Geração Z. Não por capricho, mas por necessidade. Crescemos entre promessas de mérito e realidades de instabilidade, numa constante equação entre sonhos e contas por pagar. O horizonte da estabilidade financeira parece, para muitos de nós, uma miragem adiada, e não é raro nos encontramos a calcular não só quanto ganhamos, mas quanto tempo falta até sermos livres, se é que alguma vez o formos.
Neste contexto, é tentador acreditar que o salário é a medida última de atractividade de uma empresa. Mas estaríamos a reduzir uma geração inteira a números numa folha de Excel. A verdade é que, mesmo perante as exigências do mundo económico, persistem (e com força) outros anseios que tocam dimensões mais profundas do ser.
O bem-estar, por exemplo, deixou de ser um luxo ou um benefício acessório. É, para muitos, um critério essencial. Já o boreout — essa forma silenciosa de exaustão provocada não pelo excesso, mas pela ausência de estímulo — tornou-se uma ameaça tão real quanto o burnout. A sua prevenção, acredito, começa no indivíduo: é necessário conhecermo-nos, reconhecer o vazio e reivindicar o sentido. Mas é também responsabilidade das organizações criarem espaços onde o tédio não seja regra, mas excepção. Ambientes que desafiem a mente, estimulem a criatividade e alimentem a alma. Porque, por vezes, um projecto que nos apaixona vale tanto quanto um bónus anual.
No que toca à diversidade e inclusão, é urgente reconhecer o seu verdadeiro valor. Não como meras bandeiras para campanhas de recrutamento, mas como pilares estruturais de culturas corporativas maduras. É sabido, e demonstrado, que equipas diversas são mais felizes, mais inovadoras e mais resilientes. Mas há, para além disso, algo de profundamente humano e belo na convivência entre diferentes. Há poesia na pluralidade, quando somos chamados a compreender o outro, a renunciar ao conforto da homogeneidade, e a construir, juntos, algo maior do que as partes.
Assim, para atrair os talentos da Geração Z, um salário justo e acima da média nacional, será sempre bem-vindo, e muitas vezes determinante. Mas o que nos prende, o que nos faz escolher ficar, não é apenas o valor na transferência bancária. É o sentir que, das 9h às 18h, não estamos apenas a fazer dinheiro, mas sim a viver. A crescer. A contribuir. Procuramos empresas que vejam em nós mais do que recursos humanos, que nos tratem como pessoas inteiras, complexas e movidas por propósitos.
No fundo, queremos mais do que sobreviver no mundo do trabalho. Queremos pertencer a ele. Com corpo, mente e coração.
Por Maria de Mello, Business manager da Team IT
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